No início da quarentena, saí com dois amigos para ver o pôr do sol, 15 minutos curtindo a vista, importante para manter a saúde mental. Depois me senti culpada por isso. Esse dia me marcou pela conversa que tive com eles, de que a quarentena havia chegado para reorganizar estruturas, incluindo as corporações. Seria nesse momento que separaríamos “empreendedores raiz” dos “nutella”.
A quarentena foi um tsunami corporativo. Imagina um contexto em que você está coberto d’água e que tudo que está ao teu redor está misturado, afundando e flutuando. Embora a água esteja baixando, passamos por um período de rearranjo. Em todo rompimento há transformação, ciclos se encerram e se abrem. Com as corporativas é igual.
Existe um provérbio que diz que “para se conhecer alguém, é preciso comer um saco de sal com ele”. Quanto tempo você leva para comer 1kg de sal? É disso que se trata: de tempo para conhecer uma pessoa.
Estamos falando aqui de pessoa jurídica que, da mesma forma que nós, precisa de estrutura, alimento e relações mais próximas (e de tempo). A quarentena trouxe a possibilidade de rearranjo de estruturas.
As relações foram rompidas e o fluxo financeiro secou. Se um parou, pararam todos. Será que uma chacoalhada não seria boa para repensar como tudo sempre foi feito? Ainda que essa revisão venha forçadamente, romper não é só fim, mas recomeço.
São as relações que se transformaram pela intimidade, pela conversa em vídeo, com uma roupa informal e com entradas filhos humanos ou de patas que aparecem no vídeo em meio a conversas que em condições normais de temperatura e pressão, não aconteceriam.
O importante é reconhecer que cada um de nós vai transitar entre as relações de rompimento. Em alguns momentos será leve e em outros não. Lembre-se disso antes de reagir à próxima conversa difícil.
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